ALEGRIA ESTOICA
Crê-me, verdadeira alegria é uma coisa séria. Pensas que alguém pode, na encantadora expressão, mandar a morte embora com toda a tranquilidade? Ou abrir a porta para a pobreza, manter os prazeres sob controle, ou meditar sobre a capacidade de suportar o sofrimento? Aquele que se sente confortável refletindo sobre esses pensamentos está de fato cheio de alegria, mas raras vezes contente. É exatamente esse tipo de alegria que desejo que possuas, pois ele nunca se extinguirá uma vez que tenhas reivindicado sua fonte.
Sêneca, Cartas morais, 23.4

Usamos a palavra “alegria” de forma displicente. “Estou extremamente alegre com a notícia.” “É uma alegria estar perto dela.” “É uma ocasião alegre.” Mas nenhum desses exemplos toca na verdadeira alegria. Estão mais próximos de “contente”, e contentamento está num nível superficial.
Alegria, para Sêneca, é um estado profundo de ser. É o que sentimos dentro de nós e tem pouco a ver com sorrisos ou riso. Quem diz que os estoicos são tristes ou depressivos, realmente não está entendendo nada. A quem importa que alguém esteja esfuziante em bons momentos? Que tipo de façanha é essa?
Mas pode você estar plenamente satisfeito com a sua vida, enfrentar com coragem o que ela lhe reserva, se recuperar de todo tipo de adversidade sem titubear, ser uma fonte de força e inspiração para outras pessoas? Isso é alegria estoica — a alegria que vem do propósito, da excelência e do dever. É uma coisa séria, muito mais séria do que um sorriso ou uma voz animada.