Diário Estoico – 19 de fevereiro

O BANQUETE DA VIDA

 Lembra-te de te conduzires na vida como se num banquete. Quando alguma coisa que está sendo servida chega a ti, estende a mão e pega uma porção moderada. Ela não te é oferecida? Não a detenhas. Ainda não chegou? Não ardas de desejo por ela, mas espera que chegue à tua frente. Age dessa maneira com os filhos, com um cônjuge, em relação a status, à riqueza — um dia isso te fará merecedor de um banquete com os deuses. 

Epicteto, Encheiridion, 15

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A próxima vez que você vir alguma coisa que quer, lembre-se da metáfora de Epicteto do banquete da vida. Quando perceber que está afobado, disposto a fazer de tudo para obtê-la — o equivalente de estender o braço sobre a mesa e arrancar um prato das mãos de alguém —, apenas se lembre: isso é falta de educação e é desnecessário. Depois espere pacientemente pela sua vez.

Esta metáfora permite outras interpretações também. Por exemplo, poderíamos refletir que temos sorte de ter sido convidados para um banquete tão maravilhoso (gratidão). Ou que deveríamos aproveitar o nosso tempo e saborear o gosto do que está sendo oferecido (gozar o momento presente), mas que nos empanturrar de comida e bebida até passar mal não é bom para ninguém, menos ainda para a nossa saúde (afinal, gula é um pecado capital). Que, no fim da refeição, é grosseiro não ajudar o anfitrião a tirar a mesa e lavar os pratos (egoísmo). E, finalmente, que da próxima vez caberá a nós receber e banquetear outras pessoas, assim como fomos banqueteados (caridade).

Bom apetite!

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