Diário Estoico – 8 de abril

O CUSTO DE ACEITAR FALSIFICAÇÕES

 Quando se trata de dinheiro, algo que claramente desperta nosso interesse, dispomos de toda uma arte em que o examinador usa muitos meios para descobrir o valor […] assim como damos grande atenção ao julgamento daquilo que pode nos conduzir ao erro. Mas quando se trata de nossos princípios orientadores, bocejamos e cochilamos, aceitando qualquer coisa que passa por nós em um piscar de olhos sem arcarmos com as consequências. 

Epicteto, Discursos, 1.20.8;11

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Quando as moedas eram mais rudimentares, as pessoas tinham de gastar muito tempo verificando-as para confirmar se o dinheiro que tinham acabado de receber não era falso. A palavra grega dokimazein significa “avaliar” ou verificar a qualidade de um minério. Os comerciantes costumavam ser hábeis o bastante para conseguir verificar as moedas jogando-as contra uma superfície dura e ouvindo o som que produziam. Até hoje, porém, se alguém lhe entrega uma nota de cem, você pode esfregá-la entre os dedos ou segurá-la contra a luz para confirmar que não é falsificada.

Tudo isso para um dinheiro imaginário, uma invenção da sociedade. O objetivo dessa imagem é enfatizar quanto esforço empenhamos para nos certificar de que o dinheiro é verdadeiro, ao passo que aceitamos, sem nem questionar, pensamentos ou suposições que têm o potencial de mudar nossa vida. Uma suposição irônica ao longo dessas linhas: que ter muito dinheiro o torna rico. Ou que, porque muita gente acredita numa coisa, ela deve ser verdadeira.

Realmente, deveríamos verificar essas noções com a diligência de uma casa de câmbio. Pois, como Epicuro nos lembra: “A primeira e maior tarefa do filósofo é verificar e separar aparências, e não agir com base em nada que não tenha sido verificado.”

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