PONHA SUAS IMPRESSÕES À PROVA
Desde o início, adquire o costume de dizer a toda impressão desagradável: ‘Tu és uma impressão e de maneira nenhuma o que pareces ser.’ Em seguida, examina-a e põe-na à prova pelas regras que possuis, tendo em mente que a primeira e a maior delas é verificar se tal impressão pertence às coisas sob nosso controle ou não. E, se for o último caso, prepara-te para responder: ‘Para mim, essa impressão não é nada.’
Epicteto, Encheiridion, 1.5

Num mundo excessivamente quantificado de políticas e processos, alguns estão retrocedendo na direção oposta. Líderes audaciosos vão “confiar na intuição deles”. Um guru espiritual dirá que é importante “deixar seu corpo guiá-lo”. Um amigo que tenta nos ajudar em uma decisão difícil pode perguntar: “O que parece ser o certo neste caso?”
Essas maneiras de tomar decisões contradizem numerosos estudos de caso nos quais a intuição envolveu as pessoas em problemas. Nossos sentidos se enganam o tempo todo! Como animais submetidos à lenta força da evolução, desenvolvemos toda espécie de heurísticas, tendenciosidades e reações emocionais que podem ter funcionado bem na savana, mas que são totalmente contraproducentes no mundo atual.
Parte do estoicismo é cultivar a consciência que nos permite dar um passo atrás e analisar nossos sentidos, questionar a precisão deles e prosseguir apenas com aqueles que são positivos e construtivos. Sem dúvida, é tentador jogar a disciplina e a ordem ao vento e seguir com o que parece correto — mas, como muitos de nossos arrependimentos da juventude nos mostram, o que parece correto neste momento nem sempre se sustenta bem com o passar do tempo. Desconfie de seus sentidos. Mais uma vez, confie, mas sempre verifique.