NOSSA ESFERA DE IMPULSOS
Epicteto diz que devemos descobrir a arte desaparecida do consentimento e prestar especial atenção à esfera de nossos impulsos — que eles estejam sujeitos à reserva, ao interesse do bem comum, e que estejam em proporção com real valor.
Marco, Meditações, 11.37

Temos aqui o imperador, o homem mais poderoso do mundo, citando em seu diário a sabedoria de um ex-escravizado (e, pelo que sabemos, Marco Aurélio talvez tivesse anotações diretas das palestras de Epicteto por meio de um de seus antigos alunos). Essa sabedoria dizia respeito, na verdade, a render-se e servir ao bem comum — aos limites de nosso poder e à importância de controlar nossos impulsos —, algo que todas as pessoas em posição de autoridade precisam ouvir.
Poder e impotência parecem entrar na mesma órbita raríssimas vezes — mas quando entram podem transformar o mundo. Pense sobre o presidente Abraham Lincoln conhecendo Frederick Douglass, trocando correspondências e aprendendo com ele, um outro ex-escravizado de considerável sabedoria e argúcia.
De qualquer maneira, todos esses homens viveram segundo os princípios expressados aqui: que em nossa vida — estejamos experimentando ou grande poder, ou impotência — é decisivo deixar lugar para o que pode acontecer e manter o bem comum e o real valor das coisas como um foco central de interesse. E, acima de tudo, estar disposto a aprender com todos e qualquer um, seja qual for o status que tiverem.