SOBRE DEVER E CIRCUNSTÂNCIA
Nunca te esquives do cumprimento apropriado do teu dever, não faz diferença se estás com frio ou aquecido, se vais dormir ou se teu sono foi suficiente, se és difamado ou elogiado, nem mesmo se estás morrendo ou realizando outras coisas. Até morrer é uma das tarefas importantes da vida; portanto, aproveita ao máximo os teus recursos para executar bem aquilo que está presente.
Marco Aurélio, Meditações, 6.2

Isto me deixará rico? As pessoas ficarão impressionadas? Com que afinco preciso tentar? Quanto tempo isso vai demandar de mim? O que eu ganho com isso? Será que eu deveria fazer outra coisa em vez disso? Essas são as perguntas que fazemos a nós mesmos em meio às oportunidades e obrigações do dia.
Marco Aurélio tinha muitas responsabilidades, como todos que detêm poder executivo. Ele julgava casos, ouvia apelos. Enviava tropas para a batalha, nomeava administradores, aprovava orçamentos. Muita coisa estava em jogo em suas escolhas e ações. Ele deveria fazer isso ou aquilo? Que dizer dessa preocupação ou daquela? Quando ele poderia se divertir? O simples lembrete acima era uma maneira de cortar o nó górdio de incentivos, queixas, medos e interesses concorrentes.
É o que devemos usar para decidir o que fazer em todas as fases da vida. A moralidade pode ser complicada — mas a coisa certa em geral é bastante clara e intuitiva para que a sintamos instintivamente. Nosso dever quase nunca é fácil, mas é importante. Costuma ser a escolha mais difícil. Mas devemos fazê-la.