Diário Estoico – 14 de Agosto

ISSO NÃO É POR DIVERSÃO. É PARA A VIDA

 A filosofia não é um truque de salão nem foi feita para ser exibida. Ela não se preocupa com palavras, mas com fatos. Não é empregada para se ter algum prazer antes de passar o dia, ou para aliviar a ansiedade em nosso tempo livre. Ela molda e constrói a alma, dá ordem à vida, orienta a ação, mostra o que deve e não deve ser feito — senta-se ao leme e conduz nosso curso quando vacilamos em incertezas. Sem ela, ninguém pode viver sem medo ou livre de inquietação. Toda hora acontecem inúmeras coisas que requerem conselho, e esse conselho deve ser procurado na filosofia. 

Sêneca, Cartas morais, 16.3

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Há uma história sobre o bisneto de Catão, o Velho, conhecido como Catão, o Jovem, ter se tornado uma figura de grande importância na vida romana. Um dia Catão testemunhou um belo discurso de Carnéades, um filósofo cético, que discorreu poeticamente sobre a importância da justiça. Contudo, no dia seguinte, Catão encontrou Carnéades argumentando apaixonadamente sobre os problemas com a justiça — que ela era apenas um expediente inventado pela sociedade para criar ordem. Catão ficou horrorizado com esse tipo de “filósofo”, que tratava um assunto tão precioso como um debate em que demonstraríamos ambos os lados de uma questão unicamente por exibição. Qual era o objetivo disso?

E assim ele pressionou o Senado para que Carnéades fosse mandado de volta para Atenas, onde não poderia mais corromper a juventude romana com seus truques retóricos. Para um estoico, a ideia de discutir ociosamente alguma questão — de acreditar ou demonstrar duas ideias contraditórias — é uma absurda perda de tempo, energia e crença. Como disse Sêneca, a filosofia não é um truque divertido. É para ser usada — para a vida.

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