EM CASA E PRONTOS
Posso desejar estar livre de tortura, mas se chegar a hora de sofrê-la, desejarei suportá-la corajosamente com bravura e honra. Não preferiria eu estar em paz? Mas se a guerra me acontecer, desejo aguentar nobremente os ferimentos, a fome e que mais for necessário. Também não sou louco a ponto de ansiar pela doença, mas se eu for acometido por uma, desejarei não fazer nada temerário ou desonroso. O que importa não é desejar essas adversidades, mas ansiar pela virtude que as torna suportáveis.
Sêneca, Cartas morais, 67.4

O presidente James Garfield foi um grande homem — criado na pobreza, autodidata e que virou um herói da Guerra Civil Americana — cujo governo foi interrompido pela bala de um assassino. Em seu breve período no cargo, enfrentou um país amargamente dividido, assim como um Partido Republicano desunido de forma cruel. Durante uma luta, que desafiou sua própria autoridade, ele se manteve firme e disse a um conselheiro: “É claro que eu condeno a guerra, mas se ela for trazida à minha porta, o portador me encontrará em casa.”
É isso que Sêneca está dizendo aqui. Seríamos loucos de querer enfrentar dificuldade na vida. Mas seríamos igualmente loucos se fingíssemos que isso não vai acontecer. É por isso que, quando ela bater na nossa porta — como pode muito bem fazer esta manhã —, devemos tratar de estar preparados. Não da maneira como ficamos quando um visitante chega de surpresa tarde da noite, mas como quando esperamos por um convidado importante: vestidos, bem-dispostos, prontos.